O queridinho da Europa, o conhecidíssimo dos brasileiros, a base de um dos primeiros blends de chá!
- Tá, Renata. Agora conta, o que tem assim, de tão especial no Chá Preto?
Primeiramente: tudo: #tudibaum que a camellia sinensis pode prover: antioxidantes, catequinas, vitaminas e etc. Mas, para facilitar o processo e não contar tudo de uma só vez para vocês, vamos em partes;
Hoje colocaremos nosso foco na cafeína e nas catequinas presentes no chá preto, especificamente do tipo Assam (uma província localizada na Índia), mas não antes sem saber um pouco mais da origem desse chá considerado tão especial.
–> A região de Assam fica a aproximadamente 200km de distância da região de Darjeeling (quem aqui também ama? ♥) muito próximo de Burma, em Myanmar e Bangladesh! E é lá onde fora descoberta a camellia sinensis var. assamica, a planta do chá tradicionalmente de folhas grandes que se transforma em uma bebida de liquor cheia de personalidade. Lá, o chá cresce em uma região tropical fértil, protegida por uma vasta selva, através da qual flui lindamente o rio Brahmaputra.
Suas folhas são conhecidas por serem apreciadas pelo gosto britânico, pois são picantes, adstringentes, perfeitas para a mistura com leite. Deu água na boca, né?
Além de gostoso, o chá preto traz consigo todas as propriedades que falamos. Lembrando que cada chá possui um processo distinto, o que faz com que cada um seja diferente do outro, resultando em sabores, cores, aromas e sensações novas. Vamos falar um pouco das propriedades dele?
Vamos! Então, ATENÇÃO: algo muito importante sobre ele: o CHÁ PRETO É 100 % OXIDADO.
Vamos entender a diferença entre oxidação e fermentação:
Segundo a Escola de Chá Embahú: Oxidação é um processo químico, que ocorre perda de elétrons com ou sem a presença de ar. Nos chás, a oxidação enzimática faz seus componentes reagirem na superfície das folhas, escurecendo-as e desenvolvendo sabor (sabem quando a gente corta a maçã e deixa ela esquecidinha e fica escura? Então.). Já a Fermentação é a decomposição química de uma substância por bactérias, leveduras ou outros microrganismos, que não necessitam a presença de ar. Nos chás escuros (aí SIM, fermentados como o Pu’er), é vital que ocorra a fermentação para o desenvolvimento do sabor. ♥
Uma vez que muitas literaturas estrangeiras, sejam antigas ou não, tratam o chá preto como fermentado, basta saber que quando se fala em fermentação do mesmo, se fala na verdade da oxidação, por isso, tratamos de esclarecer isso para que não fique dúvida: chá preto não é fermentado.
🙂
Ahh, agora sim: mergulharemos primeiramente em águas rasas das catequinas e cafeína que o chá preto de Assam possui {prometo um post SÓ sobre chás pretos} .
Catequinas!
Nosso xodó presente nas folhas da camellia sinensis
Os poderes de proteção e anti-câncer do chá provém da subclasse de polifenóis chamado catequinas. Elas são antioxidantes que vem do metabolismo da planta do chá e são responsáveis por grande parte da defesa da mesma. As principais catequinas encontradas no chá são C, EC, EGC, EGCC, que representam de 2% ~ 8% da “massa” das folhas de chá depois de secas.
Já, falando na xícara final, com o chá infusionado, a biodisponibilidade das catequinas dependerá de diversos fatores do processamento que aquelas folhas foram expostas como: método de cultivo e etc. Em regra geral os chás pretos possuem menos catequinas que os chás verdes, pois os verdes não passam pelo processo de oxidação total, o que mantem as moléculas sem alteração.
Cafeína!
Levando isso em consideração, ainda sim encontramos nas folhas de Assam (considerando 250ml):
Catequina EGCG: 2%
Catequina C: 1%
Catequina EC: 1%
Catequina ECG: 2%
(Mais além falaremos do Sencha, nossa base de chá verde do blend Amaranto, e a diferença será surpreendente, apenas para dar um gostinho, o mesmo possui Catequina EGCG : 18%!!!). 🙂
Coisa linda, né não? ♥
O assunto terminaria aqui, se não fosse a vontade de falar especificamente da cafeína presente nesse chá, que muitos consideram substituto do café. – eu adoro café, e considero duas bebidas com um resultado completamente diferente uma da outra – , mas vale lembrar que a planta do chá possui a L-theanina, que junto da Cafeína, promove um equilíbrio na bebida, transformando o chá, diferente do café, em uma bebida estimulante ao invés de excitante.
Vamos ver qual a presença de cafeína em uma xícara de chá preto? Abaixo cito os meus 3 favoritos:
– Darjeeling first flush: 58mg
– Assam: 22mg
– Yunnan hong gong fu: 19mg
(considerando infusão em 500ml de água a 95ºC por 3min)
* Lembrando que embora seja generalizado, não é padrão: a presença de cafeína no chá, varia MUITO dependendo da origem, variedade, clima, tempo de infusão, método de infusão e etc.
Por isso e por vários outros fatores, o chá preto, assim com outros, comportam-se de maneira muito diferente entre um apreciador e outro. Nosso organismo reage de maneiras variadas.
Em resumo: enquanto o chá preto para mim é perfeito para degustar a noite, na cama lendo um livro, este pode não ser o resumo de uma noite bem dormida para você, onde precise de repente, eliminar toda e qualquer cafeína da sua xícara ou da sua barra de chocolate. Em compensação, há pessoas que consomem café preto, filtrado, no lugar do meu chá preto, o que em mim resultaria em uma noite dificilmente dormida.
🙂
O chá é momento. É prazer, é bem cuidar. É oferecer colo, ombro, sorriso, apoio. É, se preciso for, calar a mente e sentar em uma almofada bem confortável e escutar um mantra enquanto agradece a dádiva de se estar vivo.
♥♥♥♥♥
Renata Acácia.
Especialista em Chás Mistos/Blends, Bem-estar e Comércio Exterior.
Renata Acácia possui um trabalho pioneiro dedicado exclusivamente aos blends artesanais no Brasil. Sua paixão pelo mundo dos chás começou através da sua formação em Comércio Exterior. Durante 9 anos trabalhou com importação/exportação atendendo os mercados europeu e asiático, começando a se especializar em chás pelo acesso à cultura oriental. Realizou cursos com as profissionais Yuri Hayashi da Escola de Chá Embahú, em São Paulo, concluindo ambos os cursos Essencial e Sensorial de Chás, com Victoria Bisogno por El Club del Té, na cidade de Buenos Aires, e se formou especialista na arte das misturas de ervas com Erica Moreno de Terroncito D., também na cidade de Buenos Aires. Autora dos blogs Alma de Acácia e Mundo Infusorina, Renata ministra o Workshop “Introdução ao Mundo dos Chás” desde março de 2015, com encontros que somam centenas de alunos em 3 cidades no estado de Santa Catarina, através da Infusorina Blends Artesanais e Chás Especiais, marca própria. Participa de feiras no Brasil todo levando a cultura dos chás por meio de palavras e trocas. Com a formação em Hatha Yoga, apresenta a possibilidade de envolver o chá com o ritual que traz a cultura desta prática.
Gosta e acredita nas pessoas e no poder que exerce o “bem”, no respeito, na gentileza e sinceridade, no momento do chá e no amor que toda xícara traz através das histórias passadas por cada folha processada, cada chazal e cada erva infusionada, se emociona facilmente com vivências e jura ter em sua origem um pé na China, no Japão, no Vietnã, no Egito… no mundo! Já visitou 55 casas de chá pelo mundo, sendo essas mais de 32 em Buenos Aires, onde colaborou com um guia local para brasileiros, e pretende nunca parar. Busca todos os dias tocar o coração das pessoas com aquilo que transborda do íntimo, do que vem do coração e é transformado em blend, criando e compreendendo o que cada um deseja expressar.
Fontes:
Escola de Chá Embahú (material do curso Essencial de Chás);
Tea – History, Terroirs, Varieties | 2nd edition.